O carioca Alberto Cavalcanti foi o primeiro cineasta brasileiro globalizado. Ele nasceu em 1897 e se mudou para a França no início da década de 1920. Lá, realizou diversos experimentos cinematográficos e dirigiu seu primeiro longa. Em 1934 foi trabalhar na Inglaterra, nos Estúdios Ealing, onde permaneceu até 1949, ano em que retornou ao Brasil para organizar a Vera Cruz, na região do ABC paulista. Na Solidão da Noite, de 1945, pertence à sua fase inglesa. Trata-se, na verdade, de uma “colagem” de cinco histórias que lidam com temas sobrenaturais. Cada história é dirigida por um cineasta diferente. Cavalcanti dirigiu duas delas: a segunda e a quinta. As outras três ficaram por conta de Basil Dearden, Robert Hamer e Charles Crichton. Tudo começa quando o arquiteto Walter Craig (Mervyn Johns) vai passar um fim de semana em uma casa de campo. Ele é perseguido por pesadelos recorrentes e ao chegar lá encontra justamente as pessoas que aparecem em seus sonhos terríveis. Cada uma delas então conta uma história. Dentre elas, a mais conhecida é a última, a do Boneco do Ventríloquo, dirigida pelo brasileiro. Acompanhamos aqui o drama de um homem esquizofrênico, Maxwell Frere (Michael Redgrave), que tem dupla personalidade: a do ventríloquo e a da boneco. Na Solidão da Noite foi o primeiro filme de terror rodado na Inglaterra depois de muitos anos e estabeleceu um padrão que passou a ser utilizado por outras obras do gênero.
NA SOLIDÃO DA NOITE (Dead of Night – Inglaterra 1945). Direção: Alberto Cavalcanti, Basil Dearden, Robert Hamer e Charles Crichton. Elenco: Michael Redgrave, Mervyn Johns, Roland Culver, Googie Withers, Anthony Baird, Sally Ann Howes, Hartley Power, Basil Radford e Peggy Bryan. Duração: 103 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
Para os cinéfilos que ainda não assistiram é, no mínimo, um filme que não se pode perder.