O cineasta britânico Stephen Frears já tinha um nome consolidado na Inglaterra quando estreou em Hollywood dirigindo Ligações Perigosas, em 1988. O roteiro é baseado no romance de Chodelos de Laclos, adaptado primeiro para o teatro e depois para o cinema por Christopher Hampton. A história acontece às vésperas da Revolução Francesa. Somos apresentados à Marquesa de Merteuil (Glenn Close), que faz uma aposta com o Visconde de Valmont (John Malkovich). O desafio: seduzir a recatada Madame de Tourvel (Michelle Pfeiffer). No meio do caminho, a jovem Cécile de Volange (Uma Thurman), também é seduzida por conta de uma vingança pessoal de Valmont. Intrigas e traições fazem parte do cardápio diário da Marquesa e tanto o roteiro de Hampton como a direção de Frears fazem bom uso de uma série de artifícios para expor a hipocrisia da aristocracia francesa da segunda metade do século XVIII. Com uma estupenda reconstituição de época, figurinos deslumbrantes e um elenco em desempenho arrebatador, Ligações Perigosas nos conquista primeiro pela exuberância dos cenários e do vestuário. Depois, à medida que o filme avança, ele nos “pega” pela inteligência. Duas curiosidades: Em 1989, Milos Forman dirigiu uma outra versão da mesma história, Valmont, com Colin Firth no papel título. Dez anos mais tarde, o romance foi atualizado para os dias de hoje, com o título de Segundas Intenções.