É verdade que a França é o berço da sétima arte. Assim como o cinema é uma arte essencialmente coletiva. Seja na forma de se fazer como também na maneira de ser vista. Seu surgimento é resultado de uma série de esforços espalhados pelo mundo. Mas, coube aos franceses o acabamento final. Neste contexto, Raymond Bernard se enquadra naquela geração de fundadores do que conhecemos hoje como cinema francês. Ele já havia chamado atenção com O Jogador de Xadrez, que ele realizou em 1927. Porém, foi com este Cruzes de Madeira, de 1932, que ele foi verdadeiramente reconhecido. O roteiro, escrito por ele próprio, junto com André Lang, é uma adaptação do romance de mesmo nome, de Roland Dorgelès. A ação se passa no início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Gilbert Demachy (Pierre Blanchar), um jovem estudante cheio de ideais, se alista no exército para defender seu país. O que ele e seus companheiros testemunham durante o conflito transforma por completo suas vidas. Guardadas as devidas proporções, Bernard e seu Cruzes de Madeira é quase um precursor de Vá e Veja, de Elem Klimov, ou mesmo O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg. O diretor imprime aqui um senso de realidade tão violento e brutal que fica difícil não acreditarmos no que estamos vendo.
CRUZES DE MADEIRA (Les Croix de Bois – França 1932). Direção: Raymond Bernard. Elenco: Pierre Blanchar, Gabriel Gabrio, Charles Vanel, Raymond Aimos, Antonin Artaud, Paul Azais e René Bergeron. Duração: 113 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
Para qualquer amante do cinema, trata-se aqui de um filme imperdível.