Na melhor tradição dos filmes edificantes sobre professores, o espanhol A Língua das Mariposas merece um lugar de destaque. Dirigido por José Luís Cuerda, de larga experiência na televisão de seu país, o filme é de uma delicadeza ímpar. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, junto com Rafael Azcona e Manuel Rivas, conta antes de tudo uma história de amizade. A ação se passa em uma pequena cidade do interior da Espanha, no período inicial da guerra civil. O menino Poncho (Manuel Lozano), que relutava em ir para a escola, encontra em Don Gregório (Fernando F. Gomes), o professor certo. O conflito modifica por inteiro a rotina do lugar e é através do olhar inocente de uma criança que Cuerda conduz sua narrativa. A Língua das Mariposas também é um primor de concisão. Apesar de sua duração de pouco mais de uma hora e meia, o diretor consegue abordar diversos temas de grande importância e os discute com propriedade. E isso não é pouco.