Fala sério, quem, em sã consciência, escalaria Walter Matthau para o papel de um sedutor e esperto assaltante de banco? Sem desmerecer o talento do ator, no início dos anos 1970 ele era mais conhecido por suas comédias. Mas, com um roteiro inteligente nas mãos, escrito por Howard Rodman e Dean Riesner, a partir do livro de John Reese, e um diretor do calibre de Don Siegel, não tem como errar. O filme em questão é O Homem Que Burlou a Máfia, título-spoiller nacional para Charley Varrick, nome da personagem interpretada por Matthau. Ele e seu bando roubam o banco de uma cidadezinha do interior do Novo México. Os problemas começam quando Varrick descobre que eles levaram muito mais dinheiro do supunham, e pior, que se trata de dinheiro lavado da Máfia. Entra em cena a figura de Molly, vivido por Joe Don Baker, em papel originalmente pensado para Clint Eastwood, o que gerou uma piada impagável no filme. Molly é um implacável matador convocado pelos donos do banco para capturar os culpados pelo roubo. Não por acaso, Varrick diz ao seu parceiro que seria melhor ser perseguido por dez agentes federais. Quem conhece a obra de Don Siegel e, principalmente, o cinema policial americano dos anos 1970, encontra em O Homem Que Burlou a Máfia um exemplo perfeito do diretor, do gênero e do período de produção. Direto ao ponto, sem perder tempo com informações desnecessárias, personagens bem construídas, direção firme e um final de tirar o fôlego fazem deste filme uma pequena jóia que merece ser vista e/ou revista. Em tempo: Siegel faz uma ponta no filme jogando tênis de mesa com chineses.
O HOMEM QUE BURLOU A MÁFIA (Charley Varrick – EUA 1973). Direção: Don Siegel. Elenco: Walter Matthau, Joe Don Baker, Felicia Farr, Andrew Robinson e Sheree North. Duração: 110 minutos. Distribuição: Versátil.
