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O BOULEVARD DO CRIME

Mostrar a realidade de maneira poética. Essa era a proposta de um grupo de cineastas franceses em atividade entre os anos 1930 e 1940. Nomes como Jean Vigo, Marcel Carné e Jean Renoir fizeram parte do movimento, que ficou conhecido como “realismo poético francês”. Dentre os muitos filmes realizados nesse período, um se destacou mais que os outros e foi eleito o melhor filme francês do século XX. Estamos falando de O Boulevard do Crime, escrito por Jacques Prévert e dirigido por Marcel Carné. Filmado em 1943, ainda durante a ocupação nazista na França, o lançamento só ocorreu em 1945, depois do fim da Segunda Guerra Mundial. A história acontece em dois momentos. Ambos na década de 40 do século XIX. Temos aqui um triângulo amoroso composto pela atriz Garance (Arletty), o ator Fréderick (Pierre Brasseur) e o mímico Baptiste (Jean-Louis Barrault). Inteiramente rodado em estúdio, o diretor “brinca” com o teatro e a literatura na composição dos cenários e nas falas das personagens. Ele “flerta” também com elementos de metalinguagem e conduz seus atores por momentos antológicos. O título original, Les Enfants du Paradis, tem duplo sentido. Pode ser traduzido como “as crianças do paraíso” ou como “os pobres da última fileira”. Tudo se desenrola no Boulevard du Temple, um local cheio de cabarés e teatros, onde pulsa forte a vida boêmia de Paris. Alguns insensíveis poderão achar o filme um pouco “datado”. Para os amantes da Sétima Arte, trata-se de um espetáculo sem igual e obrigatório.
 
O BOULEVARD DO CRIME (Les Enfants du Paradis – França 1945). Direção: Marcel Carné. Elenco: Arletty, Jean-Louis Barrault, Pierre Brasseur, Pierre Renoir, Maria Casarés, Fabien Loris, Marcel Pérès e Palau. Duração: 190 minutos. Distribuição: Versátil.  

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