O roteirista e diretor paulista Pedro Freire é filho de atores e cresceu no meio artístico acompanhando os trabalhos de seu pai, Herson Capri, e especialmente, de sua mãe, Malu Rocha. Após dirigir alguns curtas, além de séries e novelas na TV, ele decidiu que seu primeiro longa seria sobre sua mãe. Nasceu então Malu, filme no qual ele trabalhou no roteiro por cinco anos e que gira em torno de uma atriz na casa dos 50 anos que teve um momento de grande prestígio no passado e agora está desempregada. Ela vive em uma casa precária na periferia do Rio de Janeiro onde sonha construir um espaço cultural. Malu (Yara de Novaes) tem como companhia sua mãe, dona Lili (Juliana Carneiro da Cunha), uma mulher racista e reacionária com quem tem constantes atritos. O mesmo ocorre em relação à sua filha, Joana (Carol Duarte), que passa um tempo com ela quando retorna do exterior. Na casa mora também Tibira (Átila Bee), amigo de Malu. Freire declarou que 80% do que vemos em Malu realmente aconteceu. Para ele, fazer o filme foi terapêutico e também uma bela maneira de homenagear sua mãe. A dinâmica entre o trio principal é fabulosa, para dizer o mínimo. Mas o destaque é Yara de Novaes, que vive o papel-título de forma intensa e vulcânica. Ou seja, do jeito que a verdadeira Malu Rocha vivia e se relacionava com as pessoas e com sua arte. O filme estreou mundialmente no Festival de Sundance, em janeiro de 2024, onde recebeu entusiasmados e merecidos elogios. No Brasil não foi diferente, quando de sua primeira exibição pública ocorrida no Festival do Rio, em outubro do mesmo ano. Freire poderia ter feito um documentário, mas a decisão de realizar um recorte de um período importante da vida da mãe se revela, ao mesmo tempo, acertada e corajosa.

MALU (Brasil 2024). Direção: Pedro Freire. Elenco: Yara de Novaes, Carol Duarte, Juliana Carneiro da Cunha, Átila Bee, Márcio Vito, Felipe Haiut e Marina Provenzzano. Duração: 103 minutos. Distribuição: Filmes do Estação.