O furacão Katrina, que destruiu boa parte da região de Nova Orleans, nos Estados Unidos, chamou a atenção do mundo para a pobreza de um país que sempre passou uma imagem de riqueza e prosperidade. Além de uma excelente série para a televisão, Treme, da HBO, o cinema também explorou de maneira criativa aquela tragédia. E um dos melhores exemplos é o filme independente Indomável Sonhadora, tradução genérica e sofrível para o belo título original Beasts of the Southern Wild, algo como “feras do sul selvagem”. Longa de estréia do nova-iorquino filho de brasileiro Benh Zeitlin, que escreveu o roteiro, com Lucy Alibar, autora da peça Juicy and Delicious, que serviu de base para o filme. A história se passa em uma comunidade de nome Banheira, localizada às margens de um rio. Somos apresentados à pequena Hushpuppy (Quvenzhané Wallis, lê-se Qua-ven-zhah-nay), de apenas seis anos. Ela vive com o pai, Wink (Dwight Henry). Muito doente, ele dá lições para sua filha sobreviver na sua ausência. Todo o drama vivido pela comunidade por conta dos estragos provocados pela passagem do furação são filtrados pelo olhar da pequena Hushpuppy. Zeitlin escapa das armadilhas fáceis que poderiam transformar seu filme em um desfile de clichês e encontra na pureza e espontaneidade da menina atriz uma força da natureza. Não por acaso, ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz. Indomável Sonhadora nos conduz por um mundo que não sabíamos que existia e nos presenteia com a maneira original que a garota encontra para superar suas adversidades.