O cineasta sueco Ingmar Bergman disse certa vez que a inspiração para Gritos e Sussurros veio de uma imagem que o perseguiu por algum tempo: três mulheres de branco que conversam bem baixinho dentro de um quarto todo pintado de vermelho. Considerado um dos filmes mais perturbadores do diretor, o roteiro, do próprio Bergman, conta a história de Agnes (Harriet Andersson), que, à beira da morte, está sob os cuidados de suas duas irmãs, Maria (Liv Ullmann) e Karin (Ingrid Thulin), e da empregada Anna (Kari Sylwan). Tudo acontece em uma claustrofóbica casa de campo, na virada dos séculos XIX para o XX. Um ambiente carregado pela presença da morte e que, por conta da reunião das irmãs, faz aflorar lembranças, mágoas e frustrações. A câmara de Bergman não tem pressa. Há momentos em que temos a impressão que cada fotograma foi “pintado” à mão. Cortesia da estupenda fotografia de Sven Nykvist, premiada com o Oscar. Gritos e Sussurros é um Bergman em estado puro. Um filme que explora como poucos nossos medos, angústias e emoções mais reprimidas.
GRITOS E SUSSURROS (Viskningar och Rop – Suécia 1973). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Liv Ullmann, Erland Josephson, Harriet Andersson, Kari Sylwan, Ingrid Thulin, Henning Moritzen e Anders Ek. Duração: 105 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
Mande as crianças para o parque com a tia ou o tio mais confiável. Desligue o celular. Não precisa fazer o almoço. Gritos e Sussuros nos deixa em silêncio e total inapetência. Mas sim, vale a experiência. Filme de Mestre, desses com ressonâncias por vários dias.