Em quase 40 anos de carreira a roteirista e diretora paulista Eliane Caffé realizou dez trabalhos, sendo quatro curtas, uma minissérie para TV e cinco longas. Sem filmar desde 2016, quando lançou Era o Hotel Cambridge, ela quebra esse jejum com Filhos do Mangue, de 2024. O roteiro, escrito pela própria diretora ao lado de Luís Alberto de Abreu e Sérgio Prado, nos leva até uma pequena comunidade pesqueira do litoral do Rio Grande do Norte. A ação gira em torno de Pedro Chão (Felipe Camargo), um homem que vive no local e não possui boa reputação por conta de seu temperamento violento e por explorar os pescadores da região. As coisas se complicam após um golpe financeiro sofrido pela cooperativa do qual ele é acusado. Pedro desaparece e retorna ferido e sem memória alguma do que lhe aconteceu. À medida em que vai se recuperando percebe quem realmente era. Filhos do Mangue segue uma estrutura que lembra os filmes neorrealistas e cinemanovistas ao misturar um pequeno elenco profissional com pessoas reais do vilarejo onde as filmagens ocorreram. Algumas questões vividas ali se fazem presentes, além de outras situações criadas pelo roteiro que se concentram, em sua maior parte, na complexa figura de Pedro Chão, que ganha na interpretação de Felipe Camargo insuspeitas camadas. Temos concentrado nele o pior do ser humano: relações abusivas, corrupção, violência e exploração. Pena que o filme não consiga dar conta de tudo o que abraça em sua narrativa.
FILHOS DO MANGUE (Brasil 2024). Direção: Eliane Caffé. Elenco: Felipe Camargo, Thiago Justino, Roney Villela, Titina Medeiros, Jeniffer Setti, Genilda Maria, Luana Cavalcante e Jurema Terra. Duração: 95 minutos. Distribuição: Bretz Filmes.







