O roteirista e diretor pernambucano Marcelo Gomes vinha de dois excepcionais trabalhos cinematográficos quando realizou Era Uma Vez Eu, Verônica. Antes, ele havia escrito e dirigido o fabuloso Cinema, Aspirinas e Urubus e co-dirigido com Karim Ainouz o poético Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo. A história de Verônica (Hermila Guedes) acontece no Recife. Ela tem 24 anos e está passando por um momento de transição. Recém-formada em Medicina, ela começa a trabalhar em um pronto-socorro de um precário hospital público. A rotina é pesada e certo dia, Verônica decide usar um gravador para discutir seus problemas. O “era uma vez” do título pode remeter a um clima de conto de fadas. E isso não deixa de ter um pouco de verdade. Gomes aproveita o momento especial em que se encontra essa mulher para traçar um painel dos dilemas enfrentados por muitos de nós. Principalmente, quando nos encontramos no início da chamada “vida adulta”. Com inteligência e bastante sensibilidade, o diretor nos conduz através do olhar e dos relatos gravados por sua personagem e encontra em Hermila Guedes a Verônica perfeita.