O roteirista e diretor italiano Marco Bellocchio sempre gostou de temas polêmicos. Sua filmografia está repleta de questões que despertam acalorados debates. A Bela Que Dorme, de 2012, tem como premissa principal a eutanásia. O roteiro, escrito por Bellocchio, junto com Veronica Raimo e Stefano Rulli, apresenta o drama de Eluana Englaro. Ela está em coma vegetativo há 17 anos e seu caso é levado ao parlamento italiano, que deve decidir se os aparelhos que a mantém viva serão desligados ou não. O filme, na verdade, é um grande mosaico metafórico da Itália. A discussão do destino de Eluana mexe com a vida de diversas personagens, cada uma representando uma posição em relação ao tema proposto pela obra. Com grande habilidade, Bellocchio utiliza uma questão de fachada, no caso, a eutanásia, para discutir questões mais profundas ligadas diretamente ao momento político e social vivido por seu país. Há em A Bela Que Dorme um forte embate entre o individualismo e o coletivismo. E o melhor de tudo, o cineasta não toma partido de nenhum dos lados. Ele deixa, sabiamente, a decisão final em nossas mãos. E como é bom ver um filme que nos faz pensar.
A BELA QUE DORME (La Bella Addormentata – Itália/França 2012). Direção: Marco Bellocchio. Elenco: Toni Servillo, Alba Rohrwacher, Isabelle Huppert, Maya Sansa e Michele Riondino. Duração: 115 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.
Uma resposta
Bellocchio. Um nome para quem o cinema existe.