A cineasta japonesa Naomi Kawase vem construindo uma sólida carreira desde que estreou como diretora, em 1992, com o documentário de curta-metragem Em Seus Braços. Desde então, ela tem atuado em diversas frentes: roteirista, produtora, diretora de fotografia, montadora e até atriz e compositora. Vision, de 2018, a exemplo de Esplendor, seu filme anterior, é também uma coprodução Japão/França. O roteiro, de autoria da própria Kawase, nos apresenta Jeanne (Juliette Binoche), uma ensaísta francesa que escreve diários de viagens e está no país nipônico visitando a floresta Nara em busca da erva medicinal que dá título ao filme. É lá que ela conhece Satoshi (Masatoshi Nagase) e estabelece uma relação ao longo dos meses seguintes. No entanto, o real motivo da viagem de Jeanne é desconhecido. Vision não se revela de maneira fácil. E a maneira como a floresta é fotografada pode até desviar um pouco nossa atenção. Naomi Kawase é uma cineasta que trabalha sua narrativa de forma bastante sutil. Mas diferente de suas obras anteriores, vez ou outra aqui ela recorre a clichês que nas mãos de um diretor ou diretora menos hábil resultaria em momentos belos, porém, vazios. Há em Vision uma forte carga de humanidade e esse detalhe faz toda a diferença.
VISION (Japão/França 2018). Direção: Naomi Kawase. Elenco: Juliette Binoche, Masatoshi Nagase, Takanori Iwata, Minami, Mirai Moriyama, Min Tanaka e Mari Natsuki. Duração: 109 minutos. Distribuição: Imovision.