No folclore irlandês “banshee” é o espírito feminino que anuncia, às vezes aos berros, a morte de algum familiar. Os Banshees de Inisherin, de 2022, escrito e dirigido por Martin McDonagh, se vale dessa figura lendária para contar uma história que se passa em 1923, na fictícia ilha de Inisherin, durante a Guerra Civil Irlandesa. A história gira em torno de Pádraic (Colin Farrell), um homem pacato que ver sua rotina abalada quando seu amigo Colm (Brendan Gleeson) lhe diz, de maneira inesperada e abrupta, que não quer mais conversar com ele. Sem saber o que fazer, Pádraic pede ajuda à sua irmã Siobhan (Kerry Condon), ao jovem Dominic (Barry Keoghan) e até ao padre local (David Pearse). O que ele não esperava era a atitude drástica de Colm para fazer valer sua decisão. O mais perturbador em Os Banshees de Inisherin, (e quando escrevo “perturbador” isso é um elogio), se deve ao fato desse quarto longa de McDonagh estar sempre à frente de nós, espectadores. Aqui ele volta a reunir Farrell e Gleeson, com quem trabalhou em Na Mira do Chefe, de 2008, seu filme de estreia. A química deles em cena é simplesmente incrível. Assim como a obra por inteiro. Das locações ao figurino, da fotografia à montagem passando por uma bela trilha sonora, e um roteiro enxuto que parte de uma premissa inusitada e das mais originais. Além, óbvio, de uma direção precisa e um elenco estupendo. Tudo, absolutamente tudo, funciona a favor da história e a enriquecem sobremaneira. Ao final, fica a ótima sensação de termos visto algo que será para sempre lembrado.
OS BANSHEES DE INISHERIN (The Banshees of Inisherin – Irlanda 2022). Direção: Martin McDonagh. Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Kerry Condon, Barry Keoghan, Gary Lydon, Pat Shortt, Shiela Flitton e David Pearse. Duração: 114 minutos. Distribuição: Walt Disney Pictures.