Ao longo de mais de 40 anos de carreira, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne consolidaram um estilo único no cinema mundial. Eles que iniciaram no documentário e depois migraram para a ficção, desenvolveram uma técnica narrativa que mistura harmonicamente o rigor documental com a dramaticidade ficcional. É isso o que temos em O Jovem Ahmed, escrito e dirigido por eles em 2019. Acompanhamos aqui Ahmed (Idir Ben Addi), um garoto muçulmano de 13 anos que vive na Bélgica. Influenciado pelo imã, equivalente a sacerdote local (Othmane Moumen) e disposto a seguir os passos do primo extremista, ele passa a rejeitar a autoridade de sua mãe (Claire Bodson) e de sua professora Inès (Myriem Akheddiou). Certo de que Inès é impura e pecadora por querer ensinar árabe sem o uso do Corão, ele decide matá-la em nome de Alá. O ato, como tudo na vida, traz as devidas consequências. Assim é o cinema dos Dardenne: sempre atual e direto ao ponto. Há sentimentos, mas nenhum espaço para sentimentalismos. E isso faz toda a diferença, por frustrar nossas expectativas (o que eu acho muito bom). Com um roteiro enxuto, um elenco preciso e uma condução segura, O Jovem Ahmed deu os irmãos o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes de 2019.
O JOVEM AHMED (Le Jeune Ahmed – Bélgica 2019). Direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne. Elenco: Idir Ben Addi, Olivier Bonnaud, Myriem Akheddiou, Victoria Bluck, Claire Bodson, Othmane Moumen e Cyra Lassman. Duração: 85 minutos. Distribuição: Imovision.