O cineasta paulista Matias Mariani trabalha com audiovisual desde 2004, quando escreveu, dirigiu e montou seu primeiro curta-metragem, O Não de São Paulo. Depois disso, realizou um telefilme e dois documentários até sua estreia na direção de um longa, em 2020, com este Cidade Pássaro. Com roteiro escrito pelo próprio Mariani, junto com Francine Barbosa, Maria Bühler, Júlia Murat, Roberto Winter, Chika Anadu e Chioma Thompson, o que poderia resultar numa grande confusão, já que teve tanta gente envolvida, revela-se de uma coesão impressionante. A história gira em torno de Amadi (O.C. Ukeje), músico nigeriano que chega a São Paulo em busca de Ikenna (Chukwudi Iwuji), seu irmão mais velho. Há aqui uma questão que envolve uma tradição familiar e aquela procura pelo outro é também, em certa medida, uma procura por si mesmo. Mariani se permite conduzir sua narrativa destacando o silêncio (da alma?), apesar de ter como cenário a barulhenta capital paulista, bela e imponente na trama. Cidade Pássaro tem boa parte de seus diálogos falados em inglês ou em igbo, idioma nativo da Nigéria. Isso causa um estranhamento que auxilia bastante a forma como nos envolvemos com o que está sendo contado e mostrado.
CIDADE PÁSSARO (Brasil/França 2020). Direção: Matias Mariani. Elenco: O.C. Ukeje, Chukwudi Iwuji, Indira Nascimento, Oula Alsaghir, Paulo André, Alassana Balde e Thaís Cabral. Duração: 115 minutos. Distribuição: Vitrine Filmes/Netflix.