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O DISCÍPULO

O sucesso em festivais internacionais de Tribunal, longa de estreia do cineasta indiano Chaitanya Tamhane, gerou uma grande expectativa em relação ao seu trabalho seguinte. E o roteirista e diretor não decepciona com este O Discípulo, feito em 2020. Diferente do anterior que tinha uma história centrada no sistema judicial da Índia, agora o foco é o raga, que faz uso de modos utilizados na música clássica do país. A sequência de abertura é exemplar ao apresentar sons que podem parecer desconexos e improvisados. Na verdade, trata-se de uma arte vocal das mais difíceis de dominar. E é justamente esse domínio que Sharad Nerulkar (Aditya Modak) busca junto ao seu mestre. Quem viu o filme Amadeus, de Milos Forman, sabe que Salieri tinha técnica e Mozart tinha técnica e talento. Sharad é um Salieri que almeja se tornar um Mozart. Desde criança esse é seu sonho. Como ele escuta em uma gravação “a técnica pode ser ensinada, a verdade não”. Ou seja, o talento, ou melhor, a verdade, não se aprende. Ela é nata. A narrativa não linear de Tamhane pode até confundir o espectador em alguns momentos. Mas ela faz todo o sentido à medida que acompanha Sharad por um longo período de tempo. E fiel à sua postura de trabalhar com atores não profissionais, temos em O Discípulo músicos de verdade que receberam treinamento para se comportarem naturalmente diante da câmera. Chaitanya Tamhane recompensa seu espectador com uma obra singular, intimista, sublime e universal. E isso não é pouco. É coisa de gênio.

O DISCÍPULO (The Disciple – Índia 2020). Direção: Chaitanya Tamhane. Elenco: Aditya Modak, Arun Dravid, Sumitra Bhave, Deepika Bhide Bhagwat, Kiran Yadnyopavit e Abhishek Kale. Duração: 129 minutos. Distribuição: Netflix.

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