Os filmes do cineasta Costa-Gavras, nascido na Grécia e radicado na França, costumam ser comparados a documentários. Certa vez, perguntaram a ele porque tinha optado pela ficção ao invés do documento. Com muita tranquilidade, ele respondeu que fazer um documentário é muito mais difícil que uma ficção. Isso não isenta seus trabalhos de terem uma narrativa quase “documental”. Os temas escolhidos pelo diretor sempre abordam questões políticas, sociais ou religiosas pertinentes. Não é diferente em O Corte, que ele dirigiu em 2005. A partir do romance de Donald E. Westlake, com roteiro de próprio Costa-Gavras, junto com Jean Claude Grumberg, o filme trata de um assunto bem atual. A história gira em torno de Bruno Davert (José Garcia), um desempregado que, para voltar a trabalhar, decide eliminar a concorrência, literalmente. Há, é claro, uma evidente crítica à grave crise econômica que a França e a Europa como um todo têm passado. Apesar de se perder um pouco em algumas passagens do filme, Costa-Gavras consegue fazer valer seu ponto de vista. E isso faz toda a diferença.
O CORTE (Le Couperet – França 2005). Direção: Costa-Gavras. Elenco: José Garcia, Karin Viard, Ulrich Tukur, Olivier Gourmet, Goerdy Monfils, Thierry Hancisse e Yvon Back. Duração: 122 minutos. Distribuição: Flashstar.
Uma resposta
Um Costa-Gavras sempre vale a pena ser visto. Sobretudo face ao número de bobagens em cartaz nos cinemas.