Em 1976, o cineasta francês tinha ganhado há pouco tempo um Oscar de melhor filme estrangeiro por A Noite Americana e já havia provado ser um excepcional diretor de crianças em O Garoto Selvagem, de 1970. Mas o que ele fez neste Na Idade da Inocência supera tudo. O roteiro, escrito por ele e Suzanne Schiffman, nos leva a uma pequena cidade do interior da França, onde acompanhamos a rotina de um grupo de crianças e adolescentes, a partir do ponto de vista de dois meninos, Patrick (Georges Desmouceaux) e Julien (Philippe Goldman). Vemos o dia a dia deles na escola, bem como suas amizades, relacionamento familiar, sonhos e a descoberta do amor. Há quem diga se tratar de uma crônica filmada. E eu não discordo dessa afirmação. Acho até bastante apropriada. Truffaut não aborda a vida dessas crianças de maneira idealizada ou romântica. Seu olhar é sincero e verdadeiro, sem enfeites. E isso faz toda a diferença. Em tempo: Na Idade da Inocência fez com que Steven Spielberg convidasse François Truffaut para trabalhar como ator em Contatos Imediatos do Terceiro Grau. Na verdade, o que ele queria mesmo era aprender com o francês como dirigir atores mirins, uma vez que já estava planejando o que viria a ser E.T. cinco anos depois.
NA IDADE DA INOCÊNCIA (L’Argent de Poche – França 1976). Direção: François Truffaut. Elenco: Georges Desmouceaux, Philippe Goldmann, Nicole Félix, René Barnerias, Jean-François Stévenin e Tania Torrens. Duração: 104 minutos. Distribuição: Versátil.