João Moreira Salles é um dos maiores documentaristas brasileiros. E convém dizer de imediato que apesar de termos outros grandes documentaristas no Brasil, somente ele, João Moreira Salles, poderia ter feito Santiago. O projeto teve início em 1992, quando a maioria das imagens foram captadas. Sem saber como montá-las, ele guardou todo o material durante 13 anos. A ideia inicial era contar a história de Santiago, que durante três décadas havia trabalhado como mordomo na mansão dos Moreira Salles, no Rio de Janeiro. Em 2005, o diretor decide mexer em seus arquivos e se pergunta o por que de não ter concluído aquele filme. A partir daí, o que havia começado como um documentário sobre um homem singular, de vasta cultura e memória privilegiada, que marcou a vida dos membros daquela família, agora tinha se transformado em algo maior, em algo extremamente pessoal. Ao longo de dois anos, entre 2005 e 2006, o diretor voltou ao seu passado e nesse processo se desnudou por completo. Santiago é um filme sobre aquele mordomo e é também um filme sobre a descoberta da própria identidade de seu autor. Além disso, ele transcende as barreiras do formato documental e questiona sua natureza, sua memória. João Moreira Salles tem dito que este é seu último filme. Espero que não seja verdade. Porém, se for, ele deixou um belo testamento. Em tempo: Santiago foi comprado pelo MoMa (Museum of Modern Art), de Nova York, como parte de sua coleção permanente.
SANTIAGO (Brasil 2007). Direção: João Moreira Salles. Documentário. Duração: 107 minutos. Distribuição: VideoFilmes.
Respostas de 3
Trata-se aqui de não apenas um filme extraordinário para todo o público mas, acertadamente obrigatório para os cineastas e profissionais do audiovisual.
Filme de Mestre, sim.
Faz parte, entre tantos outros acervos, do MoMa.