O cineasta grego Theo Angelopoulos antes de fazer cinema, escreveu bastante sobre cinema como crítico no jornal Mudança Democrática, de postura esquerdista. Seus textos demonstravam ser ele possuidor de vasta cultura cinematográfica. Angelopoulos, conscientemente ou não, terminou seguindo o exemplo dos franceses da Nouvelle Vague, que antes de dirigir filmes escreviam sobre cinema na revista Cahiers du Cinéma, e também foi para trás das câmaras. Um Olhar a Cada Dia, que escreveu (junto com Tonino Guerra, Petros Markaris e Giorgio Silvagni), e dirigiu em 1995, é sua declaração de amor ao cinema. Tendo como inspiração o mito de Ulisses, criado por Homero, o filme nos apresenta ao cineasta A (Harvey Keitel), que vive exilado nos Estados Unidos e que retorna à Grécia para uma exibição de seus trabalhos. Na verdade, o que A quer é encontrar velhos rolos de filmes feitos pelos irmãos Manakia, pioneiros do cinema grego. Ele inicia então uma viagem transformadora e deslumbrante ao passado. E nos leva junto acompanhando o seu olhar. Angelopoulos realiza aqui um dos mais belos poemas visuais sobre o passar do tempo e a importância da arte. Simplesmente arrebatador.
UM OLHAR A CADA DIA (To Vlemma Tou Odyssea – Grécia 1995). Direção: Theo Angelopoulos. Elenco: Harvey Keitel, Erland Josephson, Yorgos Michalakopoulos, Thanassis Vengos, Dora Volanaki e Maia Morgenstern. Duração: 176 minutos. Distribuição: Lume.
Uma resposta
Isso mesmo: “simplesmente arrebatador”.