Existe aquele ditado que diz “filho de peixe, peixinho é”. Bem, ele se aplica com perfeição ao roteirista e diretor canadense Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg. Depois de dirigir três curtas, quatro vídeos musicais e um longa, ele nos apresenta em Possessor, seu segundo filme, um trabalho bem-acabado e bastante autoral, sem esconder a influência do estilo narrativo herdado do pai. A história nos apresenta a agente Tasya Vos (Andrea Riseborough), que trabalha para uma organização secreta que utiliza uma avançada tecnologia de implantes cerebrais para “habitar” o corpo de outras pessoas e através dessa “possessão” cometer assassinatos que são contratados por clientes que pagam uma fortuna por eles. Cronenberg teve como parte da inspiração para o roteiro seu curta feito em 2019, Please Speak Continuously and Describe Your Experiences as They Come to You, além de um livro escrito por José Delgado, em 1970. Durante as filmagens ele revelou também ter se inspirado nos filmes do cineasta italiano Dario Argento, especialmente em Terror na Ópera, de 1987. Possessor é uma obra perturbadora, no bom sentido. Apesar da trama aparentemente intrincada, o diretor consegue trabalhar os elementos necessários para que acompanhemos tudo. Um dos aspectos mais interessantes da produção é utilizar apenas efeitos práticos, o que condiz com seu baixo orçamento. Mas isso não significa estarmos diante de uma produção barata. Muito pelo contrário. O uso criativo dos cenários e dos objetos de cena, além do rigor nos enquadramentos fazem de Possessor uma grande experiência visual e, principalmente, sensorial. Em tempo: preste atenção na bela rima visual que ele faz com uma borboleta que aparece no início do filme e algo em forma de uma borboleta que surge no final.
POSSESSOR (Canadá 2020). Direção: Brandon Cronenberg. Elenco: Andrea Riseborough, Christopher Abbott, Jennifer Jason Leigh, Rossif Sutherland, Gabrielle Graham, Hanneke Talbot, Rachael Crawford e Sean Bean. Duração: 103 minutos. Distribuição: HBO Max.