No início dos anos 1980 Wim Wenders era o maior representante do moderno cinema alemão. Ele já tinha quase vinte anos de carreira quando realizou Paris, Texas. Wenders já havia flertado com o cinema dos Estados Unidos ao dirigir Hammett, em 1982, produzido por Francis Ford Coppola. Mas é Paris, Texas que revela o olhar americano de Wenders. Baseado na peça do ator e dramaturgo Sam Shepard, adaptada por L. M. Kit Carson, somos apresentados à personagem de Travis (Harry Dean Stanton), um homem que vaga pelo deserto sem destino, sem saber quem é e muito menos onde está. Ele é encontrado por seu irmão, Walt (Dean Stockwell), que decide levá-lo para sua casa na esperança de que ele recupere a memória. Gradativamente, Travis lembra que abandonou a esposa, Jane (Nastassja Kinski), e o filho pequeno quatro anos atrás. Ele inicia então uma viagem ao seu passado para, com isso, compreender melhor o seu presente. Wenders conta com o auxílio da hipnótica trilha sonora de Ry Cooder e a expressiva fotografia de Robby Müller para narrar essa tocante história de autoconhecimento. A busca de Travis termina se tornando a nossa busca também. Paris, Texas consolidou a carreira internacional de Wenders e foi o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1984, além de 14 outros prêmios.