O grego Theo Angelopoulos estudou Direito e Literatura antes de descobrir a Sétima Arte. O curioso é que ele foi expulso da Escola de Cinema após uma discussão com um dos professores. Isso não o impediu de realizar um curta e depois dois longas, às duras penas, até conquistar reconhecimento mundial com seu terceiro filme, A Vida dos Comediantes, de 1975. Angelopoulos é o nome mais destacado do cinema feito na Grécia. Paisagem na Neblina, que ele dirigiu em 1998, parte de uma história sua, com roteiro escrito pelo italiano Tonino Guerra, colaborador de Fellini, Antonioni e Visconti. Acompanhamos duas crianças, que são irmãos e que viajam em um trem para a Alemanha. Elas querem encontrar o pai que não conhecem. A viagem se revela cheia de dificuldades e isso provoca nelas um amadurecimento precoce. Premiado nos festivais de Berlim e de Veneza, Paisagem na Neblina provoca, incomoda e emociona. Os planos sequência da câmara de Angelopoulos nos conduzem por caminhos tortuosos, tristes e violentos. Somos testemunhas inertes da perda da inocência dos dois irmãos. Uma perda que é nossa também.