O roteirista e diretor iraniano Babak Payami não é muito conhecido fora de seu país, mas vem construindo uma sólida carreira. O Voto é Secreto, que ele escreveu e dirigiu em 2001, foi seu segundo longa. A história parte de uma premissa bem curiosa. Normalmente, os eleitores se dirigem até a seção eleitoral para votar. Aqui, a dinâmica é outra. A urna vai atrás do eleitor. A história se passa em uma pequena ilha, quase deserta, do Irã. É neste cenário que uma jovem agente eleitoral (Nassim Abdi) precisa “colher” os votos de um grupo de eleitores dispersos em uma região do litoral do país. Ela é acompanhada bem de perto por um soldado (Cyrus Abidi). Temos aí dois “Irãs”: passado e presente, lado a lado. O antigo, desconfiado e “de olho” nos passos do novo, que pode significar mudanças para o modelo estabelecido. Apesar de parecer um pouco ingênuo em sua simplicidade, O Voto é Secreto defende uma ideia. Ao colocar uma mulher como responsável pela transformação, que vem através da votação proporcionada por uma obstinada agente, Payami revela sensibilidade e precisão ao perceber quem está realmente mudando a face do Irã.