Em quatro décadas de carreira o cineasta Richard Linklater recorreu a diferentes processos para contar suas histórias. Um desses processos é a rotoscopia (que transforma imagens reais em animação), utilizado em três trabalhos: Acordar Para a Vida, de 2001; Apolo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial, de 2022; e neste O Homem Duplo, de 2006. O roteiro, do próprio Linklater, é uma adaptação do romance homônimo de Philip K. Dick, publicado em 1977. Considerado o mais pessoal entre os livros escritos pelo autor de Blade Runner, Total Recall, Minority Report e O Homem do Castelo Alto, a ação se passa em um futuro próximo onde é intensificada a guerra contra as drogas. Nesse mundo cada vez mais policiado, é desenvolvido um sistema de disfarce. O policial Bob Arctor (Keanu Reeves) é um dos que faz uso dessa novidade para observar seus amigos mais próximos. No entanto, as coisas tomam um novo e inesperado rumo quando ele recebe ordens para investigar sua própria vida. Isso transforma sua rotina e um grande pesadelo onde nada parece fazer sentido. Pela premissa já é possível perceber que se trata de um filme estranho. E O Homem Duplo é realmente estranho. Mas não pense nisso como algo negativo. Pelo contrário. Trata-se de uma obra bem instigante. E não poderia ser diferente já que tem por base um livro de Philip K. Dick brilhantemente transformado em imagens por Richard Linklater. Em tempo: As filmagens duraram 23 dias, porém, o processo de rotoscopia levou 18 meses.
O HOMEM DUPLO (A Scanner Darkly – EUA 2006). Direção: Richard Linklater. Elenco: Keanu Reeves, Winona Ryder, Robert Downey Jr., Woody Harrelson, Rory Cochrane, Christopher Ryan e Jason Douglas. Duração: 100 minutos. Distribuição: Warner.
