No final dos anos 1990, a Editora Objetiva encomendou a escritores brasileiros que contassem histórias inspiradas pelos sete pecados capitais. A série de livros foi publicada com bastante sucesso e o pecado da gula ficou com o gaúcho Luís Fernando Veríssimo. Ele escreveu O Clube dos Anjos, que virou filme, adaptado e dirigido pelo niteroiense Angelo Defanti. Desde 2009, Defanti já realizou sete curtas e dois documentários. O Clube dos Anjos, de 2020, é seu primeiro longa. A história gira em torno das reuniões mensais do Clube do Picadinho, que reúne sete amigos desde quando eram garotos. O filme abre com a frase “todo desejo deseja a própria morte”. Isso tem relação direta com um diálogo travado durante um dos muitos jantares. “A fome é o único desejo reincidente, pois a visão acaba, a audição acaba, o sexo acaba, o poder acaba – mas a fome continua”. Certo dia aparece Lucídio (Matheus Nachtergaele), um exímio cozinheiro que provoca o retorno das reuniões do clube. Seus dons culinários excepcionais despertam o apetite e o interesse dos membros do grupo. No entanto, após cada novo encontro, na manhã seguinte, alguém morre misteriosamente. Teria sido de causa natural, acidente ou envenenamento? O roteiro trabalha muito bem essas mortes e a direção inventiva de Defanti cria ótimas sequências ao mostrar conversas telefônicas e imagens de programas de TV. O elenco, exclusivamente masculino, demonstra aquela intimidade comum entre pessoas que são amigas há bastante tempo. Em suma, O Clube dos Anjos, além do clima de suspense que cria, seguramente te deixará com água na boca por conta dos deliciosos pratos servidos à mesa.
O CLUBE DOS ANJOS (Brasil 2020). Direção: Angelo Defanti. Elenco: Otávio Müller, Matheus Nachtergaele, Paulo Miklos, Marco Ricca, Augusto Madeira, André Abujamra, Ângelo Antônio e Cesar Mello. Duração: 101 minutos. Distribuição: Vitrine Filmes.