O roteirista e diretor alemão Edward Berger vem dividindo seus trabalhos no audiovisual, desde 1992, entre a televisão e o cinema. E em 2022 assumiu um projeto que muitos julgavam bastante audacioso: uma nova versão do clássico Nada de Novo no Front, publicado em 1929 por seu conterrâneo Erich Maria Remarque. Já no ano seguinte, o romance ganhou uma versão hollywoodiana dirigida por Lewis Milestone e premiada com o Oscar nas categorias de melhor filme e direção. Em 1979, outra versão foi feita, agora sob a direção de Delbert Mann. O livro de Remarque se inspira em sua própria experiência como soldado na Primeira Guerra Mundial. O roteiro, adaptado pelo próprio diretor, ao lado de Lesley Paterson e Ian Stokell, nos conta a história do jovem Paul Bäumer (Felix Kammerer), que junto com seus amigos Albert (Aaron Hilmer) e Müller (Moritz Klaus), se alista voluntariamente no exército de seu país. Para muitos, este Nada de Novo no Front seria um misto de Glória Feita de Sangue, de Stanley Kubrick, com 1917, de Sam Mendes. Até faz sentido. Afinal, a mensagem antibelicista é a mesma. Mas a obra de Remarque e essa leitura realizada por Berger vai além e nos mostra, sem retoques, a insanidade de uma guerra. Nela, vemos soldados inexperientes lutarem na linha de frente em condições desumanas. Enquanto nos salões de comando, generais permanecem seguros satisfazendo seus desejos de vitória. Berger nos dá um forte e necessário soco no estômago ao explicitar que passados mais de um século desse conflito, quase nada mudou.
NADA DE NOVO NO FRONT (Im Westen Nichts Neues – Alemanha 2022). Direção: Edward Berger. Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Edin Hasanovic, Devid Striesow, Andreas Döhler, Sebastian Hülk e Daniel Brühl. Duração: 148 minutos. Distribuição: Netflix.