A cineasta francesa Mati Diop ganhou reconhecimento no Festival de Cannes, em 2019, quando ganhou o Grande Prêmio do Júri com o longa Atlantique. Apesar de nascida na França, Diop nunca abandonou suas raízes senegalesas. A paixão pelo cinema é herança de seu tio famoso, Djibril Diop Mambéty, considerado um dos maiores cineastas africanos. Ela agora nos apresenta o instigante documentário Dahomey, que venceu o Leão de Ouro no Festival de Berlim de 2024. Aqui ela acompanha a devolução de 26 objetos de arte que foram saqueados do território de Daomé, atual República do Benim, durante a colonização francesa. Quem visita os grandes museus da Europa talvez não saiba que muitas das obras em exibição foram simplesmente levadas de seus países de origem, em especial, da África. Em pouco mais de uma hora ela apresenta questões das mais relevantes, com destaque em um intenso debate promovido por estudantes da Universidade de Abomey-Calavi. O que fazer em relação a essa apropriação ilegal da cultura de um povo? De que maneira esse patrimônio histórico-cultural pode ser resgatado, preservado e apresentado às novas gerações? São perguntas de difícil resposta, mas que Mati Diop procura, se não respondê-las, pelo menos apontar caminhos e chamar a atenção para a importância da herança dos povos africanos. Em tempo: Dahomey aparece na pré-lista das categorias de melhor filme internacional e melhor documentário de longa-metragem do Oscar 2025.
DAHOMEY (Senegal/França/Benim/Singapura 2024). Direção: Mati Diop. Documentário. Duração: 68 minutos. Distribuição: MUBI.