O cineasta americano Steven Soderbergh, um dos precursores do novo cinema independente dos Estados Unidos, sempre procurou construir sua carreira entre obras autorais e filmes comerciais. E tem acertado na maioria das vezes. A cinebiografia de Ernesto “Che” Guevara era um projeto antigo. Primeiro, passou pelas mãos do diretor Terrence Malick, que não conseguiu o financiamento necessário para iniciar a produção. Soderbergh resolveu levá-lo adiante e convidou o amigo Benicio Del Toro para o papel principal. Diz a lenda que Del Toro se preparou durante sete anos para o filme. Caso ele “pulasse fora”, Val Kilmer seria a segunda opção. Che terminou dividido em duas partes. A Parte 1 começa no dia em que Ernesto Guevara, um médico argentino idealista, conhece Fidel Castro (Demián Bichir) no México. A simpatia de ambos pela causa do povo cubano fez com que eles reúnam um pequeno grupo de revolucionários em um barco e rumem para a ilha. A narrativa segue até a tomada de poder em Cuba. A Parte 2 mostra os acontecimentos pós-revolução e vemos agora Guevara na Bolívia dando início ao seu grande sonho de revolução latino-americana. O ideal, apesar da longa duração, é assistir ao filme inteiro, partes um e dois juntas, como ele foi exibido no Festival de Cannes de 2008. Por mais paradoxal que possa parecer, a fluência narrativa é bem melhor e com isso, é possível compreender de maneira mais precisa a trajetória dessa rica personagem histórica. Soderbergh conduz seu filme com paixão e Benicio Del Toro encontra aqui o papal de sua vida.