Existem milhões de brasileiros trabalhando no exterior. Somente no Japão são pouco mais de 200 mil. Roberto e Yayoko Yoshisaki, pai e a mãe do diretor paulista Marcos Yoshi, fazem parte dessa estatística. O casal, de descendência nipônica, migrou para a Terra do Sol Nascente na virada de 1999 para 2000. O projeto inicial era ficar lá por dois anos, que acabaram se transformando em 13 anos. Yoshi, formado em Audiovisual pela USP, decidiu contar essa história no documentário Bem-vindos de Novo. A questão central aqui, mais do que relatar a experiência de Roberto e Yayoko trabalhando fora do país, é a reconexão de Marcos e suas duas irmãs com seus pais. Afinal, ele e elas eram adolescentes na época da viagem. Após quase uma década e meia, já adultos, muitos laços haviam se perdido. A partir de fotos e vídeos de sua infância, Yoshi reconstrói a trajetória de sua família até o momento do reencontro e o que acontece depois. O próprio diretor diz que procurou com esse registro conhecer melhor os pais e, com isso, se reconectar com sua mãe e, principalmente, com seu pai. Temos em Bem-vindos de Novo um trabalho bastante pessoal e, por isso mesmo, universal. Ao mesmo tempo, não deixa de mostrar um retrato da situação vivida por muitos brasileiros que precisam recorrer a uma difícil rotina fora para trazer um mínimo de esperança à vida que levam aqui. No final, a lição que fica é a do grande amor que mantém unida a família Yoshisaki. Um amor que enfrenta desafios e procura superá-los com coragem, determinação e uma boa dose de sacrifício. Mas nunca esquecendo o que realmente importa.
BEM-VINDOS DE NOVO (Brasil 2023). Direção: Marcos Yoshi. Documentário. Duração: 105 minutos. Distribuição: Embaúba Filmes.