Em pouco mais de 15 anos trabalhando com audiovisual, o madrileno Rodrigo Sorogoyen tem se dividido entre o cinema e a televisão. As Bestas, de 2022, é seu sexto longa. Esta coprodução franco-espanhola tem roteiro escrito por Isabel Peña junto com o próprio diretor, inspirado pelo documentário Santaolla, dirigido em 2016 por Andrew Becker e Daniel Mehrer. Temos aqui uma tensa e inusitada história. Tudo acontece em uma pequena vila no interior da Galícia, na Espanha, para onde o casal francês Antoine (Denis Ménochet) e Olga (Marina Foïs) se mudou em busca de uma vida mais simples junto à natureza. Os dois vivem de plantar e vender vegetais, além de recuperar casas abandonadas. No entanto, a postura ecológica adotada por eles não agrada aos irmãos Xan (Luis Zahera) e Lorenzo (Diego Anido), seus vizinhos. Esse atrito embute em sua essência, ao mesmo tempo, xenofobia e inveja, animosidade e ignorância. Não por acaso, o título do filme é de uma precisão impressionante. Sorogoyen prepara o terreno e constrói sua narrativa com paciência, mas em crescente tensão, o que nos leva por caminhos surpreendentes, inesperados e impactantes. E tudo isso tendo à frente um elenco primoroso. Um aviso: quanto menos você souber sobre o filme, melhor.
AS BESTAS (Espanha/França 2022). Direção: Rodrigo Sorogoyen. Elenco: Marina Foïs, Denis Ménochet, Luis Zahera, Diego Anido, Luisa Merelas, Machi Salgado, José Manuel Fernández Blanco e Marie Colomb. Duração: 137 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.