O diretor holandês Paul Verhoeven iniciou sua carreira na TV, nos anos 1960. Entre 1971 e 1983, realizou diversos longas para cinema em seu país de nascimento. Em 1984 mudou-se para os Estados Unidos, onde permaneceu por pouco mais de 20 anos, até retornar à Holanda para dirigir A Espiã. O filme conta a história de Rachel Stein/Ellis de Vries (Carice van Houten), uma jovem judia que para sobreviver, se envolve na luta da resistência holandesa contra a ocupação nazista, em 1944. Verhoeven sempre foi um cineasta sem pudores, principalmente, na primeira fase de sua carreira. Voltar a trabalhar em sua terra e com seu idioma natal trouxeram de volta algumas características curiosas de seu estilo. Algo que ficou adormecido, ou melhor, sublimado em sua filmografia americana. A trajetória de Ellis é tão fantástica e cheia de reviravoltas que é impossível desgrudar os olhos da tela. A história resgata passagens da Segunda Guerra Mundial que não costumamos ver em filmes. Afinal, a maior parte deles é centrada em americanos, ingleses, franceses e italianos, nessa ordem. Depois, aparecem os alemães, os russos e os japoneses. Holandeses, convenhamos, é muito raro. Só isso já seria um bom motivo para assistir ao filme. No entanto, existe uma razão mais forte ainda: A Espiã é um melodrama de guerra que não tem vergonha de ser melodramático.