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PÉROLA

“Ele saiu de Bauru, mas Bauru não saiu dele”. Essa frase dita a certa altura do filme Pérola, adaptação da peça de mesmo nome do dramaturgo Mauro Rasi, resume à perfeição o espírito interiorano, no bom sentido, da obra. Temos aqui o segundo longa dirigido pelo ator Murilo Benício, que antes havia realizado uma bem-sucedida releitura de O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues. O roteiro de Jô Abdu, Marcelo Saback e Adriana Falcão é extremamente fiel ao texto original e Benício enriquece sua versão cinematográfica transitando com maestria pela linha tênue entre a comédia e o melodrama, algo recorrente nos textos de Rasi. Tudo gira em torno da personagem-título, vivida com carisma por Drica Moraes. Trata-se de um longo flashback de Maurinho (Leonardo Fernandes), que retorna à Bauru e relembra momentos marcantes de sua vida e, especialmente, da forte presença de sua mãe em todos eles. É visível o cuidado extremado do cineasta com a direção de arte e a paleta de cores da direção de fotografia, utilizados por inteiro a serviço da história que está sendo contada. Benício, com apenas dois filmes no currículo até o momento, revela-se um verdadeiro autor ao demonstrar ousadia na linguagem. Com isso, imprime uma marca pessoal e singular dentro da cinematografia nacional. Especialmente no pantanoso, perigoso e traiçoeiro nicho de adaptações teatrais.  

PÉROLA (Brasil 2023). Direção: Murilo Benício. Elenco: Drica Moraes, Leonardo Fernandes, Rodolfo Vaz, Cláudia Missura, Valentina Bandeira, Louise Cardoso, Marianna Armellini e Gustavo Machado. Duração: 91 minutos. Distribuição: H2O Films.

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