É fácil perceber a “mão” de um diretor genial. Muitas vezes assistimos a um filme que não tem o mais original dos roteiros. Aliado a isso, um elenco que parece funcionar no “piloto automático” e, mesmo assim, não conseguimos tirar os olhos da tela. É o que acontece com Olhos de Serpente, de Brian De Palma. O roteiro, escrito por David Koepp, não traz novidade alguma. Não é de hoje que o cineasta é reconhecido por conta de seu virtuosismo técnico. O melhor de tudo é que De Palma não se limita a fazer uso da técnica pela técnica. Suas obras, inclusive as menores, são cinema em estado puro. Tudo acontece em um hotel cassino em Atlantic City. O detetive Rick Santoro (Nicolas Cage) acompanha uma luta de boxe em uma arena lotada e termina presenciando o assassinato de um político. A partir daí, tem início uma caçada ao criminoso. Pelo breve resumo fica claro que não estamos mesmo diante de uma grande trama. E se o filme tivesse sido feito por um outro diretor menos talentoso, resultaria, com certeza, em algo que nem seria digno de nota. Com De Palma é diferente. Sua câmara não perde um momento sequer e “passeia” pelo hotel e suas dependências com elegância e brilhantismo. E o diretor encontra na inspirada e orgânica montagem de Bill Pankow, o complemento ideal para sua narrativa.
OLHOS DE SERPENTE (Snake Eyes – EUA 1998). Direção: Brian De Palma. Elenco: Nicolas Cage, Gary Sinise, John Heard, Carla Gugino, Stan Shaw, Kevin Dunn, Michael Ripoli, Luiz Guzmán, Joel Fabiani e David Anthony Higgins. Duração: 98 minutos. Distribuição: Buena Vista.