Miklós Jancsó, István Szabó e Béla Tarr formam uma espécie de “santíssima trindade” do cinema feito na Hungria. Talvez por ter sido o único dos três a ganhar um Oscar de melhor filme estrangeiro, por Mephisto, em 1981, Szabó é o mais conhecido deles. O prêmio em Hollywood lhe permitiu continuar o que ficou conhecido como “trilogia austro-húngara”. Coronel Redl, de 1985, é o filme do meio. E o terceiro, realizado em 1988, foi Hanussen – O Profeta. Todos estrelado pelo ator austríaco Klaus Maria Brandauer. O roteiro de Coronel Redl, de autoria do próprio diretor, junto com Péter Dobai, se baseia na peça A Patriot of Me, escrita por John Osborne. O filme conta a história de Alfred Redl (Brandauer), um jovem que faz carreira como oficial do Império Austro-Húngaro no período anterior à Primeira Guerra Mundial. Manipulando as pessoas, ele acelera sua ascensão e quanto mais cresce, mais frágil fica. Mais uma vez, Szabó tem o poder como tema. Szabó revela novamente um domínio completo da narrativa. E conta com a mesma equipe que o auxiliou em Mephisto. Em especial, Brandauer, que não só carrega o filme como é preciso em desnudar os turbilhão de sentimentos de Redl. Um trabalho tão sutil, complexo e intenso que somente os grandes atores são capazes.
CORONEL REDL (Oberst Redl – Hungria/Alemanha/Áustria 1985). Direção: István Szabó. Elenco: Klaus Maria Brandauer, Armin Mueller-Stahl, Gudrun Landgrebe, Jan Niklas, Hans-Christian Blech e Laslo Mensaros. Duração: 149 minutos. Distribuição: Platina Filmes.