O filme Carandiru, que Hector Babenco dirigiu em 2003, é um dos maiores sucessos do cinema brasileiro. Baseado no livro do doutor Dráuzio Varella, são mostrados relatos dos prisioneiros do maior presídio que já existiu no Brasil. O drama vivido pelo detentos é romanceado. Não é o que acontece no documentário O Prisioneiro da Grade Ferro. Estréia na direção do montador Paulo Sacramento, ex-presidente da seção paulista da Associação Brasileira de Documentaristas. Ele acompanhou o dia-a-dia dos presidiários durante os sete meses que antecederam a desativação e implosão do complexo penitenciário. Sacramento acertou já na abertura ao iniciar seu documentário pelo final, ou seja, pela implosão do prédio. A partir daí, o tempo volta e a história é contada pelo diretor e pelos próprios detentos, que puderam usar a câmera livremente. Isso confere ao filme um senso de realidade dos mais fortes. A inspiração de Sacramento ao realizar O Prisioneiro da Grade de Ferro veio do livro de mesmo nome, escrito em 1983 pelo jornalista Percival de Souza. O olhar do diretor e dos presos desnudam a precariedade e as falhas gritantes de nosso sistema prisional. Tudo é mostrado de maneira direta, crua, sem maquiagem e com muita inteligência.
O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO (Brasil 2003). Direção: Paulo Sacramento. Documentário. Duração: 123 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.
Uma resposta
Indispensável para qualquer documentarista. Uma ótima surpresa para quem gosta de cinema.