Hayao Miyazaki não é apenas o maior nome do cinema de animação japonês. É também um dos maiores do mundo. Apesar de formado em Ciências Políticas e Economia, no início dos anos 1960, ele começou a trabalhar no departamento de animação dos estúdios Toei. Lá permaneceu por cerca de dez anos e saiu para montar a produtora A-Pro, junto com dois sócios, onde ficou pouco tempo. Depois, os três entraram para um outro estúdio e foi a partir daí que Miyazaki passou de animador para diretor. Nausicaä do Vale do Vento, de 1986, foi seu segundo longa-metragem e aquele que o projetou mundialmente. O filme tem por base um mangá que ele havia escrito e desenhado em 1982. Já neste projeto é possível perceber temas que serão recorrentes em seus trabalhos futuros. Questões como a relação do homem com a natureza e o uso da tecnologia estão sempre no centro de suas histórias, que costumam ser protagonizadas por mulheres. Somos conduzidos para um mundo pós-guerra, onde a humanidade foi inteiramente destruída, bem como seu ecossistema. Aparece então uma estranha floresta cheia de insetos de onde sai um gás venenoso. A jovem Nausicaä tem um dom especial que a permite criar uma conexão sensorial com a floresta. Aclamado pela crítica e grande sucesso de público, Nausicaä do Vale do Vento consolidou o talento de Miyazaki, que passou a ser chamado de “Walt Disney nipônico”. Na prática, as semelhanças se resumem ao apuro técnico que ambos possuem. Nas temáticas abordadas, o japonês é bem mais ousado que o americano.