Quando Steven Soderbergh dirigiu Irresistível Paixão, em 1998, George Clooney era um ator egresso da televisão e com potencial para o cinema. Ele ainda não tinha “acontecido”. De uma certa forma, foi a partir deste filme que sua persona cinematográfica começou a ser formada. E também uma parceria vitoriosa com Soderbergh, que rendeu a trilogia iniciada com Onze Homens e Um Segredo. Com roteiro de Scott Frank, escrito a partir do livro de Elmore Leonard, Irresistível Paixão merece ser descoberto. Jack Foley (Clooney) é um assaltante de bancos que nunca usou uma arma em seu ofício. Preso mais uma vez, ele foge da prisão e durante a fuga, por uma série de circunstâncias, termina dentro de um porta-malas com a agente federal Karen Sisco (Jennifer Lopez). A partir daí, em uma longa conversa sobre cinema e outros assuntos dentro do bagageiro do carro, uma forte atração se estabelece entre os dois. O filme é cheio de reviravoltas e de ótimas personagens e conta com um elenco quilométrico e extremamente eficiente. Irresistível Paixão se destaca também pelo uso das cores. Cada cidade/cenário tem uma iluminação e um padrão cromático bem definido pelo fotógrafo Elliot Davis. Além disso, mistura inteligentemente gêneros como romance, suspense e comédia. Sem contar a esperta trilha sonora de David Holmes e a montagem criativa de Anne V. Coates. Uma curiosidade: Michael Keaton reprisa aqui o papel de Ray Nicolette, a mesma personagem que interpretou em Jackie Brown, dirigido no ano anterior por Quentin Tarantino e também adaptado de um livro de Elmore Leonard.