Temas polêmicos sempre fizeram parte da filmografia do cineasta americano Gus Van Sant. E isso acontece desde o início de sua carreira, em 1982. Quatro curtas e um longa depois, ele chamou a atenção de todo o mundo em 1989, com Drugstore Cowboy, que tratava de um grupo de amigos drogados. Seu trabalho seguinte, Garotos de Programa, veio em 1991 e chamou mais atenção ainda. O roteiro, do próprio Van Sant, tem três fontes de origem. Primeiramente, seria uma adaptação atualizada da peça Henrique IV, de William Shakespeare. A segunda inspiração veio de uma história que falava de dois primos espanhóis que moram nas ruas de Los Angeles e querem voltar para a Espanha. Por fim, havia uma outra trama que trazia a figura de Mike, com parte do arco narrativo que ele teria no filme. Van Sant terminou misturando as três ideias em uma só. Acompanhamos aqui dois jovens, Mike (River Phoenix) e Scott (Keanu Reeves) que se prostituem para viver. Um, sofre de narcolepsia (uma doença que o faz dormir por horas quando enfrenta alguma tensão). O outro, é filho do prefeito e saiu de casa para confrontar a família. Mike é apaixonado por Scott e os dois decidem pegar a estrada. A visão de mundo que Van Sant nos mostra não é das mais bonitas. O título original, My Own Private Idaho, poderia ser traduzido como “meu mundo próprio em Idaho”, estado para onde eles se dirigem em busca da mãe de Mike e de uma nova vida. Garotos de Programa é um filme forte e corajoso, assim como o desempenho de seus dois atores principais. A obra ganhou uma aura de culto após a prematura morte de River Phoenix, dois anos depois de seu lançamento.