O cineasta Beto Brant faz parte da chamada “nova geração do cinema paulista”. Ele possui uma obra bem pessoal, que começou quando ainda era estudante de Cinema na FAAP, em São Paulo. Entre 1987 e 1993 realizou alguns curtas e dirigiu videoclipes. A estreia em longas aconteceu em 1997, com Os Matadores. Foi aí também que teve início a parceria com o escritor e roteirista Marçal Aquino. O curioso na filmografia de Brant é que ele começou fazendo policiais e depois migrou para os filmes de amor. Mas que fique bem claro: são filmes de amor dirigidos por Beto Brant. Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, que Brant dirigiu em parceria com Renato Ciasca, já valeria a conferida simplesmente por conta da beleza de seu título. Adaptado por Marçal Aquino, a partir de seu próprio livro, junto com os dois diretores, o filme conta a história de um triângulo amoroso envolvendo o fotógrafo Cauby (Gustavo Machado), o pastor Ernani (Zecarlos Machado) e a mulher dele, Lavínia (Camila Pitanga). Tudo acontece no interior da Amazônia e a bela fotografia de Lula Araújo reforça bem o calor e as cores quentes da paixão ardente e perigosa que une Cauby e Lavínia. Se o filme girasse apenas em torno do triângulo amoroso, já seria suficiente. Mas, felizmente, ele vai além e traça um painel preciso dos conflitos sociais existentes em regiões esquecidas do interior do Brasil. Ponto para os diretores e roteiristas e ponto para o elenco principal, que revela uma química em cena das mais harmoniosas.