Ser irreverente em tempos de paz é fácil. Assumir essa postura no momento mais crítico de uma ditadura militar, é algo bem diferente. O documentário dirigido pelos também atores Raphael Alvarez e Tatiana Issa resgata uma história das mais irreverentes de nossa História recente. Uma história que estava esquecida. Dzi Croquettes é o nome do grupo carioca que surgiu no Rio de Janeiro no início dos anos 1970 e marcou a cena artística brasileira. O próprio nome do grupo já revela o espírito debochado desses artistas que queriam homenagear a banda The Coquetes. O “the” virou “dzi” e um “r” foi acrescido ao nome original. Criado pelo ator, cantor e compositor Wagner Ribeiro e pelo coreógrafo e bailarino americano Lennie Dale, o grupo contava ainda com Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro Barcelos, Reginaldo de Poli, Bayard Tonelli, Rogério de Poli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado e Eloy Simões. A repressão do governo da época fez com que pouco material sobre o grupo fosse mantido. Os Dzi Croquettes não revolucionaram apenas nos palcos, onde misturavam dança, música, teatro e um monte de outras referências. Eles tinham uma postura no dia-a-dia que chocava as autoridades. A começar pelo fato de viverem todos juntos. Para a co-diretora Tatiana Issa, o filme funcionou também como um regresso à sua infância. Ela é filha do cenógrafo Américo Issa, que cuidada dos cenários das apresentações do grupo. Com muita ironia e sem pudor algum, eles procuraram quebrar diversos tabus sociais e sexuais e nesse processo, influenciaram toda uma geração de artistas que surgiu no Brasil a partir da metade dos anos 1970. O documentário recebeu diversos prêmios em festivais pelo mundo e traz depoimentos de amigos e artistas que conviveram, viram ou  tiveram o grupo como inspiração, entre eles: Liza Minnelli, Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Betty Faria, José Possi Neto, Miéle, Jorge Fernando, César Camargo Mariano, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso e Norma Bangell.