Quando realizou Da Vida das Marionetes, Ingmar Bergman não estava passando por um bom momento pessoal. Acusado de sonegar imposto ao governo sueco, ele se mudou para Munique, na Alemanha, onde escreveu e dirigiu o filme. Como todo grande artista, transformou seus problemas e demônios interiores em obra de arte. Aqui, ele se apropria de um casal de personagens secundários de um trabalho anterior, Cenas de Um Casamento, para contar uma nova história. Peter (Robert Atzorn) e Katarina (Christine Buchegger) vivem um relacionamento conturbado. Ele tem um sonho em que se vê matando a esposa. A partir daí, seus atos seguem um padrão extremado. Bergman exorciza seus tormentos através do drama radical dessas duas personagens. Os temas que costumam pontuar a filmografia do cineasta estão presentes em Da Vida das Marionetes. Só que desta vez eles são apresentados com uma “roupagem” diferente. Bergman está mais ácido e provocador que o habitual. E mudanças como essas são essenciais para um mestre que conhece tão bem a própria obra e sabe como “brincar” com as expectativas que os espectadores criam em torno de seus filmes.
DA VIDA DAS MARIONETES (Aus dem Leben der Marionetten – Suécia/Alemanha 1980). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Robert Atzorn, Christine Buchegger, Martin Benrath, Walter Schmidinger, Lola Muethel, Rita Russek e Heinz Bennent. Duração: 100 minutos. Distribuição: Versátil.