O sucesso das séries Breaking Bad e Better Call Saul nos fez acreditar que o ator Bob Odenkirk se limitava, no bom sentido, a papéis que misturavam drama e humor. Bem, depois de Anônimo, será diferente. Este é o segundo longa do jovem cineasta russo Ilya Naishuller, feito seis anos após sua estreia com o impactante Hardcore Henry. O roteiro de Derek Kolstad nos apresenta Hutch Mansell (Odenkirk), um pacato pai e marido que sofre todo tipo de injustiça sem nunca revidar. Mesmo quando sua casa é invadida por ladrões, ele, passivamente, se recusa a defender sua própria casa e familiares, o que traz grande decepção para sua esposa e filhos. Tudo muda em uma fenomenal cena dentro de um ônibus, o mesmo lugar onde o diretor havia magnificamente pontuado a rotina de Hutch. A partir daí, vemos um outro homem e, como já dizia Newton em sua terceira lei, “a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”. Indo direto ao ponto: se você gosta dos filmes da franquia John Wick, vai, seguramente, adorar Anônimo. Não por acaso, Kolstad é um dos roteiristas da série estrelada por Keanu Reeves. Com enxutos 92 minutos, Naishuller não perde tempo com cenas desnecessárias. A partir da já citada sequência no ônibus, o filme entra no módulo montanha-russa e, com perdão do trocadilho, não para mais. E como foi bom rever Christopher Lloyd, o eterno Doc Brown da trilogia De Volta Para o Futuro, no papel de pai de Hutch. Em tempo: a ideia para o roteiro foi do próprio Odenkirk, que teve sua casa invadida por ladrões e depois imaginou que tudo poderia ter sido diferente se ele tivesse reagido apropriadamente.

ANÔNIMO (Nobody – EUA/Japão 2021). Direção: Ilya Naishuller. Elenco: Bob Odenkirk, Connie Nielsen, Aleksey Serebryakov, Michael Ironside, Colin Salmon, RZA, Billy MacLellan, Gage Munroe, Paisley Cadorath e Christopher Lloyd. Duração: 92 minutos. Distribuição: Universal.