É comum que artistas recorram às suas memórias em seus trabalhos. Federico Fellini faz isso soberbamente em Amarcord, filme que assume já no título essa característica de recordação. Traduzido do dialeto falado em sua Rimini natal, Amarcord significa “eu me lembro”. E é disso que trata essa fascinante obra do maior cineasta italiano de todos os tempos. Misturando drama e humor, Fellini conta essa história que mexe com lembranças da infância, da adolescência, do período escolar, das amizades eternas e das descobertas relacionados ao mundo e ao sexo. O cinema de Fellini, sempre mágico, retrabalha essa gama enorme de emoções de maneira magistral. Figuras circenses, comuns em sua obra, obviamente estão presentes e o exagero da realidade ganha um colorido todo especial neste que talvez seja seu filme mais íntimo e pessoal. Qualquer outro diretor menos talentoso sucumbiria aos inúmeros clichês que costumam aparecer nesse tipo de história. Fellini não só escapa dessas armadilhas como consegue usá-las a favor de sua narrativa. Quando o filme foi realizado, em 1973, o cineasta já era um artista não apenas estabelecido, mas também respeitado no mundo inteiro. Curiosamente, Amarcord tem um frescor de iniciante. Coisa de gênio. Puro e simples.
AMARCORD (Amarcord – Itália 1972). Direção: Federico Fellini. Elenco: Bruno Zanin, Pupella Maggio, Armando Brancia, Magali Noël,Ciccio Ingrassia, Nando Orfei, Luigi Rossi, Domenico Pertica,Alvaro Vitali, Fernando Vona, Josiane Tanzilli e Maria Antonietta Beluzzi. Duração: 125 minutos. Distribuição: Versátil.
Respostas de 3
Apenas um coração de pedra não se emociona com Amarcord… meu Felini preferido.
Talvez um dia eu veja algum Felini. Tentei o “8 1/2”, mas não rolou. Ainda há muito a aprender, muito preconceito a derrubar. Felini, Bergman, Godard e Allen estão na minha “lista do reconhecimento cinematográfico”.
Boa sorte, Glauber!