O diretor e produtor carioca Roberto Berliner começou carreira trabalhando no Centro de Documentação da TV Globo, onde ficou por três anos. Quando saiu de lá, montou sua produtora, a Antevê, e dirigiu videoclipes, alguns curtas e foi diretor de produção do longa Com Licença, Eu Vou à Luta, de Lui Farias. Em 1998 ele conheceu as irmãs Barbosa, de Campina Grande, na Paraíba, e realizou um curta-metragem sobre elas, A Pessoa é Para o Que Nasce, que foi premiado no Festival É Tudo Verdade e em diversos outros no Brasil e no exterior. Sete anos depois, Berliner retoma a história das três irmãs cegas no documentário de longa-metragem que mantém o mesmo título do curta inicial. Regina, Francisca da Conceição e Maria das Neves Barbosa, também conhecidas como Moroca, Poroca e Indaiá, nasceram cegas e levam a vida a cantar e tocar ganzá em trocas de esmolas em várias cidades e feiras do Nordeste brasileiro. O filme mergulha no cotidiano das irmãs e nos mostra, sem meias palavras, quão rica e complexa é a vida das três irmãs. Berliner experimenta diferentes modelos narrativos para contar sua história, misturando alguns gêneros cinematográficos e utilizando uma trilha sonora que complementa e enriquece as cenas que acompanha. E o que dizer das irmãs Barbosa? Basta elas aparecerem para nos conquistar por completo com carisma e sinceridade. O filme também revela um certo jogo de sedução e os laços que se estabelecem pela convivência do diretor, que está sempre junto filmando tudo, com as pessoas que são o objeto do documentário. A Pessoa é Para o Que Nasce é envolvente, corajoso e emocionante.