Os irmãos Dardenne, Jean-Pierre e Luc, nasceram na Bélgica e começaram carreira no final dos anos 1970 dirigindo documentários. A estreia em longas ocorreu em meados da década seguinte e, desde então, colecionam prêmios de inúmeros festivais de cinema com histórias originais e contadas de maneira bem pessoal. Os Dardenne gostam de filmar com a câmara bem perto dos atores e não têm o hábito de utilizar trilha sonora. Um cinema urgente, imediato, quase documental. Os roteiros escritos pela dupla costumam focar pessoas comuns enfrentando problemas reais, porém, sem panfletagem. Em A Criança, de 2005, acompanhamos o drama de Bruno (Jérémie Rénier), um jovem desempregado e sem perspectiva alguma que vive de pequenos golpes. Nesse contexto, ele termina tendo um filho com sua namorada, Sonia (Déborah François). Sem condições de sustentar a si mesmo e a própria família, Bruno decide vender o bebê recém-nascido. Tudo isso sem o consentimento da mãe. Temas fortes e polêmicos fazem parte da filmografia dos Dardenne. Eles sabem como poucos trabalhar bem a construção psicológica das personagens e expor as mazelas morais de nossa sociedade. E sem cair em clichês ou parecer chatos. A Criança ganhou a Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes.