Alfred Hitchcock era um cineasta que adorava desafios. Fossem eles técnicos ou narrativos. Um Barco e Nove Destinos, que ele dirigiu em 1944, contempla os dois aspectos. Toda a ação acontece dentro de um barco. A partir de uma ideia do próprio Hitchcock, o escritor John Steinbeck desenvolveu o argumento e o roteiro ficou a cargo de Joe Swerling e Ben Hecht. Durante a Segunda Guerra Mundial, um navio aliado e um submarino alemão travam uma batalha e terminam destruídos. Os oito sobreviventes do navio entram em um pequeno barco. O conflito maior surge quando eles resgatam o único sobrevivente do submarino inimigo. Rechaçado pela crítica americana quando de seu lançamento, que chegou até a chamar o diretor de nazista, Um Barco e Nove Destinos fracassou nas bilheterias. Na verdade, o “barco” de Hitchcock é uma alegoria da visão que ele tinha da Segunda Guerra. Com a eficiência de sempre, o cineasta nos prepara para os acontecimentos que virão utilizando um plano-sequência (tomada sem cortes). Depois, estabelece a ação dentro da minúscula embarcação. Hitchcock tinha o hábito de fazer uma ponta em seus filmes. Como o próprio título já antecipa, temos apenas um barco e nove pessoas dentro. E mesmo assim, ele aparece no filme. Fica o desafio: Onde está Hitch?