Ser filho de um cineasta famoso pode abrir ou fechar portas. Se o pai for um dos mais polêmicos, criativos e estudados diretores de sua geração, o fardo de carregar o sobrenome fica mais pesado ainda. É este o caso do jovem Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, nome maior do cinema brasileiro. O pequeno Eryk tinha três anos quando seu pai morreu. Cresceu na Europa e na Colômbia, acompanhando a mãe. Após se formar em Cinema pelo Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos, Eryk voltou para o Brasil onde iniciou sua carreira profissional dirigindo um documentário sobre seu pai, Rocha Que Voa, em 2002. Transeunte, de 2010, é seu segundo longa de ficção. Com roteiro escrito por ele, junto com Manuela Dias, nos conta a história de Expedito (Fernando Bezerra), um aposentado que perdeu qualquer tipo de laço social. Ele passa os dias vagando pelo centro da cidade, anonimamente, como se fizesse “uma ponta” em sua própria vida. Rocha demonstra segurança neste novo trabalho e encontra no desconhecido Fernando Bezerra uma ator estupendo. Transeunte, belissimamente fotografado em preto e branco por Miguel Vassy, e praticamente sem diálogos, é um filme que incomoda pelo seu silêncio e fascina pelas suas imagens.
TRANSEUNTE (Brasil 2010). Direção: Eryk Rocha. Elenco: Fernando Bezerra, José Paes de Lira, Luciana Domschke e Bia Morelli. Duração: 100 minutos. Distribuição: Bretz Filmes.
Uma resposta
Quero ver, sim. Filho de peixe pode ser igualmente peixe… e dos bons!