Em 1968, no auge da contracultura, o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard já era um nome importante do cinema mundial. Naquele ano, ele fora convidado a ir à Londres para dirigir um documentário sobre a luta pela liberação do aborto. Como houve um relaxamento na legislação britânica, o trabalho terminou sendo cancelado e Godard permaneceu na cidade por mais um tempo. Ele queria dirigir um filme sobre Beatles ou Rolling Stones. O quarteto de Liverpool não aceitou a proposta. Mick Jagger e Keith Richards, fãs declarados do diretor, adoraram a proposta e o resultado é este The Rolling Stones: Sympathy for the Devil, também conhecido como One Plus One. Temos aqui a banda no processo de gravação do disco Beggars Banquet, em especial, da primeira faixa do LP, que dá nome ao filme. Por se tratar de um filme de Godard, a já esperada desconstrução narrativa típico do cineasta se faz presente. Ao mesmo tempo, há um interessante debate sobre o papel da mídia, as bandas que influenciaram os Stones, além de uma série de temas que um artista inquieto e provocador como Jean-Luc Godard jamais deixaria de fora. No entanto, apesar do apoio dos líderes da banda, a produção não foi tranquila, uma vez que o diretor teve muitos atritos com o produtor, Iain Quarrier, que alterou o final do documentário sem que Godard soubesse e este, quando descobriu a mudança na sessão de estreia, simplesmente lhe deu um soco na boca. The Rolling Stones: Sympathy for the Devil é um registro de inestimável valor histórico. Seja por seu diretor, pela banda em questão ou por sua abordagem. Em tempo: Godard faz uma ponta levando cigarros e bebidas para os músicos.

THE ROLLING STONES: SYMPATHY FOR THE DEVIL (Inglaterra 1968). Direção: Jean-Luc Godard. Documentário. Duração: 111 minutos. Distribuição: Koch Media.